"MI DEBER ES VIVIR, MORRIR E VIVIR"
PABLO NERUDA
A vida é um sopro: as horas voam, os meses passam, o ano termina. Então respire fundo, se encha de coragem e realize seus sonhos, pois o caminho é aquele que percorremos a cada dia, sendo um passo de cada vez.
Saudades! Uma palavra estritamente brasileira, que personifica a experiência profunda da alma: um sentimento singular de difícil tradução.
Dani, como carinhosamente o chamavam, era um viajante do mundo. Sua biografia retrata registros de lugares e histórias que não se resumem aos vinte e sete países que chegou a conhecer, mas sim, é marcada pelo afeto do encontro com pessoas e amigos, legado que estará registrado na nossa memória afetiva e nos momentos marcantes vividos por todos nós.
Geólogo, fotógrafo, amigo, torcedor confesso do Palmeiras, se fez presente em tudo que se comprometeu. Adorava sua profissão (Geologia) e a brindava com os recursos da fotografia, pois sempre estava a convidar-nos a ver o mundo através das lentes da sua câmera Canon. Amante da natureza, foi a fundo em lugares paradisíacos do nosso País, em especial, por ironia do destino ou quem sabe por presente dos Deuses, nos deixou nas águas profundas da Cachoeira do Mutum, em Presidente Figueiredo, Amazonas.
Em uma de suas últimas viagens pelo Brasil, esteve em Serranópolis, Goiás, e trouxe `a luz as imagens ancestrais gravadas nas rochas da Gruta das Araras[1], desenhos do período Neolítico, datado de mais de 10.000 anos a.C.; um diálogo entre o humano e a pedra, a perspectiva do solo abissal na Anima Mundi, um sítio arqueológico no Planalto Central do Brasil.
Uma biografia repleta de narrativas, itinerários, romances, momentos que retratam intensidade, mas também de cuidado e respeito, sempre coerente com valores éticos. Lembranças que deixam todos nós: familiares, amigos, colegas, amores e viajantes, consternados pela sua ausência.
Dani sempre foi uma pessoa cheia de vida, sonhadora, inquietante, provocadora, amante da vida e da natureza, que adorava encontrar amigos, viajar, conhecer lugares novos, tentando regozijar a vida e não a morte, pois muitos estão vivos, mas sentem-se mortos, encalacrados; enquanto outros, assim como ele, vivem intensamente, com um espírito jovial, livre e cheio de esperança por um mundo melhor, resgatando a premissa da máxima francesa: Liberté, Égalité, Fraternité.
Enfim...
"A vida é um sopro.
Sopro de Deus pra vir,
sopro do tempo pra ir.
É um capítulo com
começo, meio e fim todos os dias."
(Cleonio Dourado)
São Paulo,
inverno 2024,
por Denis C. Mendes
analista junguiano
[1] Fotos e texto descrito no capítulo “Arte Ancestral Brasileira: Memórias gravadas nas paredes de rocha em Serranópolis” da autora Andréa Vistué, que faz parte do livro “Travessias no Tempo: Arte e Jung” org. Irene Gaeta, Ed. Evidência.br, Campinas, 2022.
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