O olhar e a energia voltados para a saúde e não para a doença, fizeram da Dra. Nise uma mulher de raça, força, humana e cheia de alegria.
“A criatividade é o catalisador por excelência das aproximações de opostos. Por seu intermédio, sensações, emoções, pensamentos, são levados a reconhecerem-se entre si, a associarem-se, e mesmo tumultos internos adquirem forma.”
(Nise da Silveira)
O olhar e a energia voltados para a saúde e não para a doença, fizeram da Dra. Nise uma mulher de raça, força, humana e cheia de alegria. Sem essa forma de ser, seria impossível romper com os métodos tradicionais e repressores que marcaram a psiquiatria no Brasil da sua época. A sua contribuição, tanto para a psiquiatria, quanto para psicologia analítica, foram marcantes, pois o seu trabalho ultrapassou os limites do seu tempo. Fez do seu aspecto "puer", um marco revolucionário, trocando as indicações de insulina terapia, eletrochoques e lobotomias, por técnicas expressivas, onde sensibilizada pela preocupação humana, fez da afetividade e da humanização, sua proposta de tratamento terapêutico.
Um nome da história da psiquiatria brasileira
Em 1946, funda a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR), no antigo Centro Psiquiátrico Nacional do RJ, marco de mudança em relação aos tratamentos da época. Com seu olhar para as imagens que eram produzidas por essas pessoas, nos espaços de tratamento, é que começou a compreender o processo esquizofrênico. Fez do estudo das imagens nos inumeráveis estados do ser, o que acontecia no mundo interno desses pacientes, o seu método de estudo e tratamento. As imagens/obras produzidas, a arte, fez com que fundasse, em 1956, a Casa das Palmeiras e, futuramente, em 1957, o Museu de Imagens do Inconsciente.
Essa clínica psiquiátrica tem, nas técnicas e atividades expressivas, o seu principal método terapêutico. Reconhecia-se, então, uma técnica de tratamento além das indicações de farmacoterapia. Esse método trazia à tona os processos inconscientes dos pacientes psicóticos e proporcionava também uma condução de como tratá-los, evidenciando uma nova prática de tratamento. O mais importante disso é que o paciente sai de um lugar de asilado e passa a ter voz, muda de uma posição de contingência para ser, passando a existir. É, a partir dessas imagens, que pode expressar o que realmente sente, sem ser contido.
Ocorre um avanço em dois âmbitos: um em relação aos tratamentos psiquiátricos e outro em relação aos direitos humanos, um avanço em relação ao ethos. A Dra. Nise traz à tona esse paradigma, marca uma nova etapa na história da psiquiatria brasileira e também da psicologia junguiana, tendo formado o primeiro grupo de estudos da teoria de Jung.
Obrigado Dra. Nise da Silveira, continue dormindo em paz.
Principais publicações de Nise da Silveira
Jung - Vida e Obra
Mundo das Imagens
Imagens do Inconsciente
Carta a Espinosa
Gatos: Emoção de Lidar
Enumeráveis Estados do Ser
Terapêutica Ocupacional
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