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  • Writer's pictureDenis Canal Mendes

Carl Gustav Jung (1875-1961)

Updated: Jul 16, 2020

Mais do que um médico psiquiatra, Jung foi um psicoterapeuta e um terapeuta da alma humana.



Jung nasceu no cantão da Turgóvia, em Kesswil (Suíça) e tornou-se médico psiquiatra aos 25 anos de idade. Estudou com o professor. Dr. Pierre Janet, mas manteve na sua concepção a filosofia de Goethe e Nietzshe. Trabalhou como auxiliar assistente na clínica de Burgholzli, em Zurique, onde o diretor era o Dr. Euguen Bleuler, importante psiquiatra suíço, tendo realizado diversas pesquisas no campo da psiquiatria experimental.   


“Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa, aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade”. C.G.Jung

Médico psiquiatra e fundador da Psicologia Analítica ( psicologia profunda; psicologia junguiana), teve como fonte para constituição da sua concepção teórica, as influências diretas da psiquiatria dinâmica de Bleuler e, principalmente, da psicanálise de Freud, além de beber na fonte dos estudos em alquimia e da mitologia, juntamente com a filosofia e a religião.


Terapeuta da alma humana


Esse estudioso, de famosa erudição, fez emanar uma nova visão da concepção de homem e de mundo, partindo do pressuposto da relação humana. Seus trabalhos e estudos na clínica psiquiátrica trouxeram à tona diversas questões, entre elas a existência de complexos emocionais de fundo afetivo, que interferiam na vida ativa das pessoas, atuando muitas vezes inconscientemente. Construiu, a partir da troca de ideias, conversas, discussões e elaborações teóricas com Freud, a base para a sua teoria. Porém, discriminando da psicanálise a ênfase dada ao aspecto referente a teoria da sexualidade. Foi o primeiro a falar a respeito da importância da análise do analista, sendo que, mais tarde, referiu-se como "equação pessoal".


Formulou conceitos e uma concepção mais ampla do dinamismo do aparelho psíquico, onde destacou a existência das instâncias psíquicas: consciente, inconsciente pessoal e coletivo, sendo que este último continha as experiências arcaicas de toda humanidade. Desta forma, poderia pensar o motivo pelo qual em quadros de psicose aguda, muitas vezes o paciente acabava adquirindo comportamentos, ideias ou alucinações com vivências nunca experimentadas até então. Surgia, assim, o conceito de arquétipo, que iria determinar toda a sua concepção teórica. Os arquétipos eram uma parte herdada da psique, onde continham as experiências básicas e universais que constituem a vida do indivíduo, falava de um potencial que necessitava ser integrado a consciência.


Mais do que um médico psiquiatra, Jung foi um psicoterapeuta, um terapeuta da alma humana. Fez da relação humana, do setting terapêutico, uma prática da alma, iluminando caminhos e experiências sombrias, fazendo do ser humano a sua técnica. Foi, através das imagens arquetípicas, que pôde compreender a noção maior da existência humana, não ficando fechado apenas no campo da psicologia científica, mas sim indo buscar a  inspiração na alquimia, na filosofia e na antropologia. Estudou os povos primitivos e foi, nas suas viagens pela história da humanidade, conhecendo povos, pessoas, culturas, constituindo assim uma reflexão sobre a existência humana. 


Mais do que um especialista, Jung foi um amante da vida cheia de conteúdos, significados e sentidos. Foi muito além do seu tempo e, por isso, muitas vezes incompreendido. Morreu aos 86 anos, sereno, tranqüilo e certo de que muitas coisas que havia descoberto e construído seriam questionadas, pois não gostava de dogmas e verdades absolutas.

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